[K 6a, 1]

“Os trabalhos do Sr. Haussmann deram impulso, pelo menos no inicio, a uma grande quantidade de planos bizarros ou grandiosos… Por exemplo, o Sr. Hérard, arquiteto, publica em 1855 um projeto de passarelas a serem construídas no cruzamento dos boulevards Saint-Denis e Sebastopol: essas passarelas com galerias desenhariam um quadrado contínuo, em que cada lado seria determinado pelo ângulo que formam, ao se cruzarem, os dois boulevards. O Sr. J. Brame expõe em 1856, numa série de litografias, seu plano ferroviário para as cidades, particularmente Paris, com um sistema de arcos sustentando os trilhos, de vias laterais para os pedestres e de pontes móveis para colocar essas vias laterais em comunicação… Mais ou menos na mesma época ainda, um advogado pede, por uma “Carta ao Ministro do Comércio”, o estabelecimento de toldos em todo o comprimento das ruas, a fim de evitar que o pedestre tenha que pegar uma carruagem ou um guarda-chuva. Um pouco mais tarde, um arquiteto propõe reconstruir a Cité inteira em estilo gótico, para harmonizá-la com Notre-Dame.” Victor Fournel, Paris Nouveau et Paris Futur, Paris, 1868, pp. 384-386.

[K 6a, 2]

Do capítulo de Fournel intitulado “Paris futura”: “Havia … cafés de primeira, de segunda e de terceira classes … e para cada categoria estava previsto o número de salas, de mesas, de bilhares, de espelhos, de ornamentos e de peças douradas… Havia ruas para os patrões e ruas de serviço, como há escadas sociais e escadas de serviço nas casas bem organizadas… No frontão do quartel, um baixo-relevo … representava, com esplendor, a Ordem Pública fardada como um soldado de infantaria, com uma auréola na fronte, abatendo a Hidra de cem cabeças da Descentralização… Cinqüenta sentinelas posicionadas nas cinqüenta guaritas do quartel, frente aos cinqüenta boulevards, podiam ver, com uma luneta, a quinze ou vinte quilômetros dali, as cinqüenta sentinelas das cinqüenta barreiras… Montmartre era coroada com uma cúpula ornada com um imenso relógio elétrico visível a oito e audível a dezesseis quilômetros de distância, servindo de referência para todos os demais relógios da cidade. Tinha-se enfim atingido o grande objetivo perseguido há tanto tempo: fazer de Paris um objeto de luxo e curiosidade mais que de uso, uma cidade em exposição, numa redoma de vidro, … objeto de admiração e inveja para os estrangeiros, e insuportável para seus habitantes.” V. Fournel, op. cit., pp. 235-237, 240-241.