[D 4, 1]

II o heroi-III- o dândi

“Somente a Inglaterra podia ter produzido o dandismo; a França é tão incapaz de produzir seu equivalente quanto sua vizinha o é de oferecer o equivalente de nossos … ‘leões’, tão apressados em agradar quanto os dândis em desprezar … D’Orsay … agradava naturalmente e apaixonadamente a todo o mundo, mesmo aos homens, enquanto que os dândis só agradavam desagradando… Do leão ao pretendente a dândi há um abismo; mas quão maior é o abismo entre o pretendente a dândi e o miserável!” Larousse, Grand Dictionnaire Universel du Dix-neuvième Siècle, vol. VI, Paris, 1870, p. 63 (verbete “art dandy”).

[D 4, 4]

O mundo no qual nos entediamos “Mas se nos entediamos, e daí? Que influência isso pode ter?” — “Que influência! … que influência o tédio tem sobre nós? Ela é enorme! … Considerável! Veja, o francês tem um horror pelo tédio levado até a veneração. Para ele, o tédio é um deus terrível, que tem por culto a duração. Ele não compreende a seriedade senão sob essa forma.” Édouard Pailleron, Le Monde où l’On sEnnuie (1881), Ato I, cena 2 (em É. Pailleron, Théâtre Complet, vol. III, Paris, 1911, p. 279).

[D 4, 5]

II tédio

Michelet “faz uma descrição muito inteligente e piedosa da condição dos primeiros operários especializados por volta de 1840. Eis ‘o inferno do tédio’ nas tecelagens: ‘Sempre, sempre, sempre é a palavra invariável que retumba em nosso ouvido com a rotação automática, que faz tremer o assoalho. Ninguém jamais se habitua a isso.’ Muitas vezes as observações de Michelet (por exemplo aquelas sobre o devaneio e os ritmos dos ofícios) precedem intuitivamente as análises experimentais dos psicólogos modernos.” Georges Friedmann, La Crise du Progrès, Paris, 1936, p. 244. [A citação é extraída de Michetet, Le Peuple, Paris, 1846, p. 83.]