L’Eternité par les Astres foi escrito quatro, no máximo, cinco anos após a morte de Baudelaire (no mesmo tempo da Comuna de Paris?). — Mostra-se neste texto o que as estrelas provocam naquele mundo do qual Baudelaire, com justa razão, as excluiu.
[D 9, –]
arquivo temático D, folio 9, pg 1
[D 9, 2] 
A idéia do eterno retorno faz surgir magicamente a fantasmagoria da felicidade a partir da miséria dos anos da modernização alemã. Esta doutrina é uma tentativa de conciliar as tendências contraditórias do prazer: a da repetição e da eternidade. Este heroísmo é uma contrapartida ao heroísmo de Baudelaire, que faz surgir magicamente a fantasmagoria da modernidade a partir da miséria do Segundo Império.
[D 9, 3] 
O pensamento do eterno retorno surgiu quando a burguesia não mais ousou olhar de frente a evolução futura do sistema de produção que ela mesma pôs para funcionar. O pensamento de Zaratustra e o do eterno retorno estão relacionados ao dito bordado no travesseiro: “Só quinze minutinhos.”
[D 9, 4] 

Crítica à doutrina do eterno retorno: “Como estudioso das ciências naturais, … Nietzsche é um diletante que filosofa, e como fundador de religião, um ‘híbrido de doença e vontade de poder’.” [Prefácio a Ecce Homo], (p. 83) “Toda esta doutrina parece ser nada mais que um experimento da vontade humana e uma tentativa de perpetuar o nosso fazer e não fazer, um substituto ateísta da religião. A isto corresponde o estilo da prédica e a composição de Zaratustra, que muitas vezes imita o Novo Testamento nos mínimos detalhes.” (pp. 86- 87) Karl Löwith, Nietzsches Philosophie der ewigen Wiederkunft des Gleichen, Berlim, 1935.
[D 9, 5] 
Existe um esboço no qual César, em vez de Zaratustra, é o portador da doutrina de Nietzsche (Löwith, p. 73). Isto é importante. Pois indica que Nietzsche pressentia a cumplicidade de sua doutrina com o imperialismo.
[D 9, 6] 
Löwith denomina a “nova adivinhação” de Nietzsche “…a síntese da adivinhação primeira, baseada nas estrelas do céu, e da adivinhação segunda, inspirada pelo nada, que é a última verdade no deserto da liberdade da capacidade individual”. Löwith, p. 81.