[K 7, 1]

Crítica de Fournel a cidade saint-simoniana de Ch. Duveyrier: “Não podemos continuar acompanhando a exposição dessa metáfora atrevida que o Sr. Duveyrier desenvolve … com uma fleuma cada vez mais estupeficante, sem nem mesmo perceber que sua engenhosa distribuição levaria Paris, por força do progresso, de volta até a época da Idade Média, quando cada indústria e cada ramo do comércio eram confinados num mesmo bairro.” Victor Fournel, Paris Nouveau et Paris Futur, Paris, 1868, pp. 374-375 (“Les précurseurs de M. Haussmann”).

[K 7, 2]

“Vamos falar de um monumento que estimamos particularmente, e que parece de primeira necessidade quando se tem um céu como o nosso … um Jardim de inverno!… Quase no centro da cidade, um lugar vasto, muito vasto, capaz de receber, como o Coliseu em Roma, grande parte da população, seria rodeado por uma imensa cúpula luminosa, mais ou menos como o Palácio de Cristal de Londres ou como nossos mercados de hoje: colunas de ferro, algumas pedras para assentar as fundações… Ali! Meu jardim de inverno, que partido tiraria de ti para meus Novutopianos; enquanto em Paris, na grande cidade, eles construíram um grande monumento de pedra, pesado e feio, que não serve para nada, e onde, neste ano, os quadros de nossos artistas, a contraluz aqui, escaldavam um pouco mais ao longe sob um sol ardente.” F. A. Couturier de Vienne, Paris Moderne: Plan d’une Ville Modèle que l’Auteur a Appelée Novutopie, Paris, 1860, pp. 263-265.

[K 7, 3]

Sobre a morada de sonho: “Em todos os países meridionais, onde a concepção popular de rua pretende que os exteriores das casas pareçam mais ‘habitados’ que seus interiores, essa exposição da vida privada dos habitantes confere as suas moradias um valor de lugar secreto que aguça a curiosidade dos estrangeiros. A impressão é a mesma nas feiras: tudo está exposto de forma tão abundante na rua que aquilo que não se encontra ali ganha a força de um mistério” Adrien Dupassage, “Peintures foraines”, Arts et Métiers Graphiques, 1939.

[K 7a, 3]

“O século XV … é uma época em que os cadáveres, os crânios e os esqueletos eram ultrajosamente populares. Na pintura, na escultura, na literatura e nas representações dramáticas, a Dança Macabra estava onipresente. Para o artista do século XV, a atração pela morte, bem tratada, era uma chave tão segura para atingir a popularidade quanto o é, em nossa época, um bom sex appeal.” Aldous Huxley, Croisière d’Hiver: Voyage en Amérique Centrale, Paris, 1935, p. 58.

[ +++ ]

[K 7a, 4]

Sobre o interior do corpo. “Este tema e sua elaboração remontam ao modelo de João Chrysóstomo, ‘Sobre as mulheres e a beleza’ (Opera, ed. B. de Montfaucon, Paris, 1735, tomo 12, p. 523).” “A beleza do corpo não reside senão na pele. Com efeito, se os homens vissem o que está debaixo da pele — assim como o lince da Beócia, que dizem que pode ver o interior —, a vista das mulheres dar-lhes-ia náuseas. Toda aquela graça consiste de muco e sangue, de humores e fel. Se alguém considerar o que se esconde nas narinas, na garganta e no ventre, encontrará sempre sujeira. E se nos repugna tocar o muco e a sujeira mesmo só com a ponta do dedo, como então poderíamos desejar abraçar o próprio saco de excrementos?” Odon de Cluny, Collationum, livro III, Migne, tomo 133, p. 556), cit. em J. Huizinga, Herbst des Mittelalters, Munique, 1928, p. 197