James de Laurence dá ao milagre de Caná uma interpretação bem ao estilo do início da Idade Média, para torná-lo uma prova de que Jesus era contrário ao casamento: “Ao ver os dois cônjuges fazendo o sacrifício de sua liberdade, ele transformou a água em vinho, para mostrar que o casamento era uma loucura que só se podia fazer com a razão perturbada pelo vinho.” James de Laurence, Les Enfants de Dieu, ou La Religion de Jésus Réconciliée avec la Philosophie, Paris, junho de 1831, p. 8.
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arquivo temático p, folio 4
[p 4, 2]
“O Espírito Santo, ou a alma da natureza, desceu sobre a Virgem como uma pomba; ora, sendo a pomba o símbolo do amor, isso significa que a mãe de Jesus cedera à inclinação natural do amor.” James de Laurence, Les Enfants de Dieu, ou La Religion de jésus Réconciliée avec la Philosophie, Paris, junho de 1831, p. 5.
[p 4, 3]
Certos temas dos escritos teóricos de Laurence já se encontram em seu romance de quatro volumes, Le Panorama des Boudoirs, ou l’Empire des Nairs, Paris, 1817, publicado antes na Alemanha; um fragmento do romance já havia sido publicado em 1793 em Deutscher Merkur, de Wieland. Laurence era inglês.
[p 4, 4]
“De maneira inesquecível, Balzac descreveu a fisionomia do parisiense: os rostos atormentados, maltratados pelo sol, lívidos, ‘a cor quase infernal das fisionomias parisienses’; não são nem rostos, são máscaras.” Ernst Robert Curtius, Balzac, Bonn, 1923, p. 243 (citação extraída de La Fille aux Yeux d’Or).
[p 4, 5]
“O interesse de Balzac pela longevidade faz parte daquilo que ele tem em comum com o século XVIII. Os naturalistas, os filósofos, os charlatões daquela época dão-se as mãos… Condorcet esperava da era futura, que ele pintava em cores brilhantes, um prolongamento infinito da vida. O conde de Saint-Germain receitava um ‘chá da vida’; Cagliostro, um ‘elixir da vida’; outros recomendavam ‘sais siderais’, ‘tintura de ouro’, ‘camas magnéticas’.” Ernst Robert Curtius, Balzac, Bonn, 1923, p. 101.
[p 4, 6]
Existem em Fourier (Nouveau Monde, Paris, 1829-1830, p. 275) argumentos contra os ritos do casamento que lembram os ataques de Claire Démar.
[p 4, 7]
Anotação de Blanqui da primavera de 1846, no hospital de Tours: “Nos dias de comunhão, as freiras do hospital de Tours ficam inabordáveis, ferozes. Elas comeram Deus. O orgulho dessa digestão divina as convulsiona. Esses vasos de santidade tornam-se vidros de ácido sulfúrico.” Gustave Geffroy, L’Enfermé, Paris, 1926, vol. I, p. 133.
[p 4a, 1]
Sobre as núpcias de Caná; 1848: “Foi planejado um banquete para os pobres, o banquete de vinte e cinco centavos: pão, queijo, vinho, para serem consumidos na campina de Saint-Denis — com transporte de ônibus incluído. O banquete não aconteceu: foi marcado primeiro para o dia 11 de junho, depois adiado para 18 de junho, e depois para 14 de julho. Porém, as reuniões que o prepararam, a subscrição que foi aberta e as adesões que atingiram, em 8 de junho, o número de 165.532, acabaram por sobreexcitar a opinião pública.” Gustave Geffroy, L’Enfermé, Paris, 1926, vol. I, p. 192.
[p 4a, 2]
“Em 1848, encontram-se pregados na parede do quarto de Jenny, a operária, os retratos de Béranger, de Napoleão e de Nossa Senhora. Já se crê no advento do culto da Humanidade. Jesus é um grande homem de 48. Em meio à massa, há indícios de uma fé nos presságios… O Almanach Prophétique de 1849 anuncia a volta do cometa de 1264, o cometa guerreiro, produzido pela influência de Marte.” Gustave Geffroy, L’Enfermé, Paris, 1926, vol. I, p. 156.
[p 4a, 3]
Babick, deputado do 10º arrondissement, polonês, operário, depois alfaiate, mais tarde perfumista: “Ele era … membro da Internacional e do Comitê Central, e ao mesmo tempo apóstolo do culto fusionista. Uma religião de inspiração então recente, feita para o uso de cérebros semelhantes ao seu. Concebida por um certo Sr. de Toureil, ela reunia vários cultos, aos quais Babick acrescentara o espiritismo. Para essa religião, ele havia criado, como perfumista, uma língua que, na falta de outro mérito, cheirava a droga e a ungüento. Ele escrevia no cabeçalho de suas cartas: ‘Paris-Jerusalém’, colocava como data um ano da era fusionista, e assinava ‘Babick, filho do reino de Deus e perfumista’.” Georges Laronze, Histoire de la Commune de 1871, Paris, 1928, pp. 168-169.
[p 4a, 4]
“A iniciativa fantasiosa do coronel da 12ª legião não foi mais feliz. Ela instituía uma companhia de cidadãs voluntárias, encarregada, para maior vergonha dos infratores, de executar sua prisão.” Georges Laronze, Histoire de la Commune de 1871, Paris, 1928, p. 501.
[p 4a, 5]
A cronologia do fusionismo começa em 30 de dezembro de 1845.
[p 4a, 6]
Maxime Du Camp, em Souvenirs, faz um jogo de palavras com Évadiens [evadianos] e s’évader [evadir-se].